Ex-PM minimizou sexo com cadáver no mesmo cursinho em que PRF deu aula sobre 'câmara de gás' em viatura
As imagens viralizaram nesta semana com o ex-policial militar Evandro Guedes minimizando a pena para o crime de vilipendiar o cadáver de uma mulher foram gravadas em uma aula do cursinho AlfaCon. Trata-se da mesma escola preparatória para concursos públicos onde um outro docente, o policial rodoviário federal Ronaldo Bandeira, descreveu como aplicar spray de pimenta em uma pessoa presa no porta-malas da viatura.
O vídeo de Guedes foi incluído, nesta quarta-feira, em um inquérito civil em andamento na 12ª Promotoria de Justiça de Cascavel, no oeste do estado, onde o curso tem sede.
As falas de Guedes causaram indignação nas redes sociais. Um sentimento semelhante ao verificado quando imagens de Bandeira passaram a circular em maio do ano passado, na mesma semana em que Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, foi morto após a ação de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Sergipe. Os policiais usaram com a vítima o mesmo método descrito por Bandeira no vídeo.
Nas imagens, que circularam nas redes sociais, o professor Ronaldo Bandeira conta sobre um episódio no qual um preso está dentro do bagageiro da viatura enquanto os agentes registram a ocorrência.
Em seguida, o professor sorri. E acrescenta:
— Foda-se, é bom para caralho, a pessoa fica mansinha — disse. — Aí daqui a pouco só escuto assim: Eu vou morrer, eu vou morrer, aí fiquei com pena. Eu abri assim e falei: tortura! Sacanagem, fiz isso não — disse.
Bandeira publicou em suas redes sociais uma nota em que afirma que o trecho da aula se referia ao que não deveria ser feito em uma abordagem policial. A nota pode ser lida na íntegra, abaixo:
Vilipêndio de cadáver
No vídeo de Guedes, gravado em uma sala de aula, ele falava sobre o crime de vilipêndio de cadáver, para o qual o Código Penal prevê pena de um a três anos de detenção, além de multa.
Guedes afirmou se tratar de um exemplo "fictício" para ilustrar uma situação do direito penal (leia 'o outro lado' mais abaixo). Já o curso AlfaCon disse, em nota, que o vídeo "está em total desacordo com as diretrizes" da empresa e foi retirado da plataforma. A equipe do curso prometeu apurar o caso.
Não há informações sobre quando o vídeo foi gravado. No entanto, as imagens passaram a circular na web nesta segunda-feira. Durante a aula, o ex-PM cita, como hipótese, a situação de um jovem virgem que passou num concurso de nível médio para atuar com necropsia e a morte de uma assistente de palco do programa "Pânico".